A leuprorrelina é um composto sintético análogo ao hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), que ocorre naturalmente no organismo. O GnRH é produzido pelo hipotálamo e estimula a hipófise a liberar os hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH), que regulam a atividade das glândulas sexuais (1,2,5,6) A leuprorrelina é indicada para reduzir os níveis desses hormônios, incluindo estrogênio e testosterona, e é utilizada no tratamento de doenças hormônio-dependentes, câncer de próstata avançado, endometriose e puberdade precoce (1,2,6,7). A administração é feita por meio de injeção, com liberação prolongada, contendo microesferas de acetato de leuprorrelina (2), tornando mais fácil para os pacientes tomarem a medicação regularmente. A leuprorrelina tem efeitos colaterais mínimos, sendo geralmente bem tolerada pelos pacientes. Alguns efeitos colaterais podem incluir fogachos, sudorese, diminuição da libido e impotência em homens.
MECANISMO DE AÇÃO
O acetato de leuprorrelina é um agonista do receptor GnRH. Em um primeiro momento, ela estimula as gonadotrofinas portuárias, de FSH e LH, aumentando a esteroidogênese em ovários e testículos. Isto resulta em aumento no estrogênio em mulheres e testosterona e dihidrotestosterona em homens. Com a administração contínua, esses níveis caem (1), agindo como um potente inibidor da secreção das gônadas (1,2,5,6,7).
NEOPLASIAS
A leuprorrelina tem sido utilizada clinicamente no tratamento paliativo do câncer de próstata há mais de 20 anos, e é tão efetiva em suprimir a secreção de testosterona e de dihidrotestosterona (DHT) quanto a orquiectomia. Nos pacientes com câncer de próstata severo, os níveis de testosterona foram equiparados aos de homem castrados, apenas após 2 ou 3 semanas com o tratamento de uma injeção mensal de 3,75mg, ou de uma injeção trimestral de 11,25mg (2). Mostrou também preservar a função ovariana após quimioterapia em mulheres após quimioterapia (6), e mostrou eficácia e segurança em tratamentos superiores a 3 anos, com uso de tamoxifeno (7).
ENDOMETRIOSE
Inibe a ovulação e cessa a menstruação (1). Um estudo tipo trial multicêntrico comparativo foi organizado para comparar a eficácia do medicamento e danazol, no tratamento da endometriose, com 67 pacientes, durante 24 dias, com injeções de 3,75mg mensais de leuprorrelina, e doses diárias de 600 a 800mg de danazol. Ambos tiveram eficácia similar, mas o grupo que utilizou leuprorrelina relatou menor frequência de dor pélvica (4). Controla bem a supressão da menstruação (5).
MIOMAS
Em um estudo multicêntrico controlado (clínica trial), foi analisado no período de dois anos a resposta da leuprorrelina em no tratamento de fibrose uterina, com a dosagem de 3,75mg, mensal. Das 114 mulheres analisadas, somente 4 desistiram do tratamento devido reações adversas ou outros motivos. 55,3% das pacientes têm histórico de infertilidade, e os sintomas de menopausa obtidos durante o tratamento tem duração aproximada de 20 semanas, até voltarem ao normal. Nas primeiras 12 semanas de tratamento, já foram notados regressão da patologia, como pode ser observado no gráfico abaixo (8).
PUBERDADE PRECOCE
A puberdade precoce ocorre em crianças, em meninas com menos de 8 anos, e em meninos com idade inferior a 9 anos, onde caracteres secundários aparecem antes do tempo natural. Seu tratamento tem duração média de 4 anos, com tratamento mensal (3,75mg) ou trimestral (11,25mgs) com medicamentos administrados via intramuscular (3). O tratamento mostra-se efetivo em 95% dos casos, com resultados ótimos obtidos em 6 meses, e é considerado seguro (9).
SEGURANÇA, CONTRA INDICAÇÕES E EFEITOS ADVERSOS
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas, nem em lactantes, com risco de sangramento vaginal (1,2). Geralmente é bem tolerado, com efeitos adversos relativos a supressão hormonal (2). Metabolismo lipídico e enzimas hepáticas não sofrem alteração (8). As reações adversas são diferentes em crianças e adultos. Em crianças, a dor local da aplicação é relatada em 10% dos casos. Reações menos frequentes são acne, mudanças de humor e eritemas. Cautela em pacientes com perda óssea e densidade óssea diminuída, falência e doença cardíaca. Existem indícios de aumento sérico de cálcio e fosfatase alcalina, bem como aumento de cálcio e creatinina na urina, apontando para um aumento no turnover metabólico ósseo (1,8). Em mulheres, há relatos de calorões. Não é uma escolha a ser feita na menopausa, caso não existam patologias agregadas (1). Outros relatos são de doença intersticial pulmonar, fístula anal, nasofaringite, rashs cutâneos, diminuição da contagem de células sanguíneas, dores de cabeça e artralgia (6).
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Antiarrítmicos (amiodarona, disopiramida, dronedarone, procainamide, propafenona, quinidina), antipsicóticos (clorpromazina, clozapina, haloperidol, olanzapina, quetiapina e risperidona) (1).
POSOLOGIA E MODO DE USO
Injeções intramusculares mensais de 3,5mg ou trimestrais de 11,25mg (2,4,8).
BENEFÍCIOS
Redução dos níveis de hormônios sexuais: diminui os níveis de FSH e LH, o que resulta na redução dos níveis de estrogênio e testosterona, sendo útil no tratamento de várias condições hormônio dependentes, como câncer de próstata avançado, endometriose e puberdade precoce.
Tratamento do câncer de próstata avançado: é um tratamento eficaz para o câncer de próstata avançado, reduzindo os níveis de testosterona que estimulam o crescimento do câncer.
Tratamento da endometriose: pode ser usada para tratar a endometriose, uma condição na qual o tecido uterino cresce fora do útero e pode causar dor e infertilidade.
Controle da puberdade precoce: pode ser usada para retardar a puberdade em crianças que começam a desenvolver sinais de puberdade muito cedo.